A ONU só poderá distribuir nesta sexta porções de alimentos para 8 mil pessoas em Porto Príncipe, anunciou a Organização Internacional de Migrações (OIM), responsável por esta tarefa junto ao Programa Mundial de Alimentos (PMA).
As duas organizações começaram ontem a distribuição de alimentos e outros artigos de primeira necessidade para 4 mil pessoas no complexo dos escritórios do primeiro-ministro.
Essa localização foi escolhida porque é um lugar de grande concentração de desabrigados, explicou o porta-voz da OIM, Jean-Philippe Chauzy.
O porta-voz reconheceu que o número de 8 mil beneficiados que haverá hoje é extremamente limitado diante da magnitude da catástrofe e das necessidades das vítimas, que, em grande parte, perderam tudo e não têm como se alimentar.
Além disso, afirmou que a lentidão na entrega de mantimentos entre as vítimas foi devido às limitações para o transporte de carga em vias que ficaram praticamente destruídas e intransitáveis por causa do terremoto.
Também há a pouca operabilidade do aeroporto de Porto Príncipe e a impossibilidade de utilizar, por enquanto, o porto da cidade para receber assistência humanitária.
Sobre isso, a porta-voz do PMA, Emilia Casella, disse que "chegar do ponto A ao B em Porto Príncipe é muito difícil, devido ao alto grau de destruição" "Transferir toneladas de alimentos, equipamentos e água não é tão fácil nem rápido como o Twitter ou as imagens que vemos em um canal de notícias", disse, em referência à rapidez do fluxo de informações não só através da imprensa, mas pelas redes sociais na internet.
As organizações de socorro - que falam de números de mortos que oscilam entre 45 mil e 50 mil, e de desabrigados que vão até 3 milhões - advertem que a fome pode ser o estopim de uma onda de violência entre os sobreviventes da tragédia.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Haitianos desesperados bloquearam as ruas com barricadas feitos com os corpos em uma parte de Porto Príncipe para exigir assistência mais rápida após o desastre. Corpos estavam espalhados por toda a cidade, e pessoas cobriam o nariz com panos para evitar o odor da morte. Cadáveres eram carregados em caminhonetes e entregues ao hospital central de Porto Príncipe.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.
O ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o Haiti após o terremoto que devastou o país nesta terça-feira. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.
Fonte: Terra