Embora as lendas natalinas garantam que o trenó do Papai Noel passa pela Terra para distribuir os presentes às crianças somente na noite de 24 de dezembro, os varejistas e lojistas de shopping preferem preparar o espírito e as fachadas de seus estabelecimentos para a ocasião com grande antecedência.
Aliada ao otimismo pela retomada dos bons negócios após o fim da turbulência gerada pela crise financeira global, a disposição de entrar no clima de Natal cada vez mais cedo cresce entre os comerciantes. Nos últimos anos, o mês de novembro passou a ser o marco inicial dos sinos, das guirlandas e das demais decorações natalinas que, além de encher os olhos do público, têm a função de estimular o consumidor a colocar a mão no bolso para comprar presentes, alimentos e demais produtos para as festas.
"A decoração antecipada impulsiona as compras. Os shoppings que saem na frente acabam tendo mais apelo junto aos consumidores", acredita Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Segundo ele, o Natal de 2009 é esperado com grande expectativa pelos lojistas dos 689 shoppings brasileiros. As facilidades na forma de pagamento, o crescimento do potencial de compra da classe C e a atmosfera de alívio depois do tremor dos meses de crise são apontados como fatores positivos para as cifras do comércio.
A expectativa da associação é de que os shoppings brasileiros faturem R$ 76,4 bilhões ao longo de todo o ano de 2009. Desse montante, boa parte será gerada no período de Natal, estima Sahyoun, ao adiantar que a Alshop espera um crescimento de 6% a 8% das vendas natalinas neste ano em relação a 2008. "Além dos lojistas, a economia nacional também lucra muito com o Natal. Os shoppings vão gerar 130 mil empregos temporários este ano e grande parte deles tem chances de se tornar efetivo", conta o presidente da Alshop.
Inaugurações
Nesse embalo, os maiores centros de compras do País não poupam esforços na comunicação e nem economizam com a decoração. "Mais ou menos 40% do nosso investimento anual é reservado para o Natal. Aprovamos os projetos já no mês de março para ter um tempo maior e apresentar uma decoração que traduza a magia natalina", conta a gerente de marketing do shopping Center Norte (de São Paulo), Gabriela Baumgart. Neste ano, o empreendimento buscou no circo a inspiração de sua decoração, que será inaugurada no sábado, 7. A divulgação conta com campanha institucional, assinada pela agência Moma, que resgatará o jingle natalino criado pelo shopping em 1988.
Uma semana depois, no dia 15, será a vez dos freqüentadores do Shopping Eldorado, da zona oeste de São Paulo, entrarem no clima de Natal. De acordo com a gerente de marketing do empreendimento, Vanessa Marques, as paradas natalinas que serão promovidas no espaço interno e o sorteio de dois carros zero quilômetro deverão ajudar a alcançar a meta de aumento de 15% nas vendas em relação ao ano anterior. "Viemos de meses de crescimento já expressivo e esperamos que o público continue nesse ritmo também no Natal", comenta Vanessa.
Os shoppings West Plaza e Iguatemi, ambos também em São Paulo, abrirão as portas ao Papai Noel nos dias 7 e 8, respectivamente. Já o Shopping Barra, de Salvador, quis chegar à frente de todos os outros, inaugurando sua decoração na último sexta-feira, 30 de outubro.
Atraso
Apesar da pressa em enfeitar as árvores, os shoppings foram bem mais lentos na hora de fechar contratos para suas ações de Natal deste ano. Para a Cipolatti - empresa que realiza projetos de decoração natalina para shoppings e empreendimentos com atuação em 15 estados brasileiros e também na Argentina, Uruguai e Angola -, o início do ano parecia demonstrar que o Natal de 2009 não seria nada feliz.
"Esperávamos uma queda de 15% em nossa produção. Geralmente fechamos quase todos os contratos em junho, mas desta vez, muitas empresas só nos deram resposta em outubro", revela Ana Cecília Cipollati, diretora comercial da companhia. Segundo ela, no segundo semestre esse quadro mudou e a procura pelos projetos de decoração de Natal acabou sendo 8% maior do que em 2008.
Com mais de 400 tipos diferentes de decorações natalinas em seu portifólio, a Cipollati, que está há 30 anos no mercado, busca dar novas caras à festa natalina criando temas diversificados. "As empresas vem nos pedindo decorações relacionadas a ecologia e sustentabilidade", comenta ela.
Supermercados também apostam no aumento das vendas
Ponto de parada obrigatória das famílias no final do ano, os supermercados também antecipam suas promoções e ações de Natal para chamar a atenção do público. Exposições de panetones e de itens natalinos, além de campanhas publicitárias temáticas, são tradicionais nas grandes redes.
No Walmart, por exemplo, as campanhas na mídia serão lançadas ao longo do mês de novembro, mas os produtos sazonais já estão nas gôndolas. De acordo com Denilson Claro, diretor de marketing do Walmart Brasil, a expectativa é de que as vendas de mercadorias típicas natalinas (considerando alimentos e não-alimentos) sejam 20% superiores às de 2008.
A preparação da indústria de eletrodomésticos para atender à demanda do Natal e uma promoção na qual serão sorteadas 16 casas no valor de R$ 65 mil cada são alguns dos fatores que fazem com que a Casas Bahia projete boas cifras para o faturamento deste final de ano. Embora não detalhe suas ações publicitárias e nem o percentual investido em marketing na comunicação natalina, a companhia estima um crescimento de 20% nas vendas em relação ao ano passado.
Além da promoção "Feliz Natal de casa nova", a rede volta a realizar a Super Casas Bahia, estabelecimento sazonal de grandes proporções que, além de oferecer aos consumidores uma gama extensa de produtos, também oferece serviços e opções de lazer, com praça de alimentação, shows e apresentações culturais para crianças e adultos.
Assim como ocorreu no ano passado, a Super Casas Bahia será montada em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na capital paulista, a loja ficará instalada no pavilhão do Anhembi, enquanto no Rio, ocupará o espaço do RioCentro, mas a empresa não informou as datas de abertura e ou a duração dos projetos.
Fonte: Meio & Mensagem