Uma das recomendações da Comissão Prestadores de Serviços Especializados, presidida por Zezinho Mutarelli, que "impedia ou restringia que obras publicitárias dirigidas ao Brasil fossem filmadas no exterior" foi eliminada do documento final mesmo após ter sido aprovada por maioria em plenária. Logo depois que Mutarelli leu as recomendações, o publicitário Nizan Guanaes foi o único a discordar da aprovação. Quando as próximas comissões já estavam apresentando seus resultados, a chairwoman da McCann-Erickson, Adriana Cury, pediu a palavra para contestar a aprovação, alegando que a leitura dos ítens havia sido muito rápida.
O presidente do IV Congresso, Dalton Pastore, contra-argumentou dizendo que todas as teses estavam disponíveis no site desde o dia anterior, o que dava oportunidade para que todos os participantes do Congresso pudessem contestá-las e apresentar alterações para as propostas. Mesmo diante disso abriu uma exceção para que o trabalho fosse revisto. Assim, a própria plenária apresentou uma proposta de retirada do item da lista de recomendações, o que foi acatado pela Comissão.
Thomas Roth, sócio-diretor da Lua Nova, levantou-se, sem microfone em punho, para explicar que os muitos produtores são contra a recomendação de impedimento de comerciais filmados no exterior para o Brasil, mas disse que o item surgiu a partir de sugestões vindas dos participantes da própria comissão e que tinha que ser incluída.
O motivo de inclusão deste item está relacionado aos prejuízos que muitas produtoras vêm sofrendo com a decisão de anunciantes em filmar em outros países, como na Argentina, que além de terem uma moeda mais desvalorizada em relação ao dólar ainda possuem custos de produção menores que no Brasil. Ou seja, muitos anunciantes filmam no exterior comerciais que serão veiculados no Brasil por uma questão de custo e não priorizam assim os talentos nacionais.
Porém, o que incomodou de fato os participantes da plenária foram as palavras "impedimento e restrições" que estavam na recomendação. "Cuidado com essa questão de impedimento e restrições de comerciais feitos no exterior, porque isso pode estourar no próprio pé de vocês", alertou Nizan Guanaes ao apresentar a tese da Comissão que preside, Criatividade Brasileira, que tem como ponto chave justamente a questão da abertura do Brasil para o exterior, incentivando a inserção de profissionais brasileiros no mercado global. "O resto das propostas estão todas corretas", disse.
Com relação a questão dos comerciais estrangeiros, ficaram mantidas na tese da Comissão de Prestadores de Serviços recomendações como: a necessidade de que estes filmes tenham uma diária de filmagem de produtora nacional e uma trilha sonora de produtora de som brasileira, além do que ficou mantido que deve haver aumento real da taxa Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) pela importação dos comerciais estrangeiros no País.
Ruy Barata Neto
Fonte: Propmark